AS AVENTURAS DE CLARA
Essa é a história de Clara, uma menina de sete anos, que mora com seus pais em um bairro distante de sua escola e precisa percorrer um longo caminho até lá. Ela é curiosa, como todas as crianças de sua idade e adora descobrir novos mundos através da leitura. Mas, seus pais não incentivam muito esta atividade, porque acreditam que o importante é trabalhar para garantir o sustento da família e gastar com livros é bobagem. Apenas a professora incentiva a menina e lhe oferece vários livros com lindas ilustrações que faz Clara imaginar como seria bom poder conhecer todos aqueles lugares.
Um dia, enquanto ia para escola, observou que mais a frente, um menino caminhava olhando para o chão. Ele parecia procurar alguma coisa. Clara ficou curiosa: nunca tinha visto aquele menino nas redondezas. Então resolveu esconder-se atrás de uma árvore para melhor observar o menino.
Logo o menino encontrou o que estava procurando, era uma chave. Ele saiu em passos rápidos, Clara saiu de trás da árvore e resolveu não mais ir para escola e sim atrás do menino. Clara começou a se perguntar... Quem era aquele menino e para onde ele ia com tanta pressa? De onde seria aquela chave tão grande e diferente? Parecia ser uma chave muito especial. Era dourada e seu formato lembrava a chave de um castelo. Como? Ela nunca tinha ouvido falar em castelo naquele lugar!
O menino continuou a correr e logo cansou, mas avistou um riozinho que passava logo ali perto e resolveu beber água. Estava com muita sede, mas ouviu um barulho estranho, se assustou, olhou para os lados e viu surgir detrás de um arbusto um ancião com seu cavalo, que cansado também resolveu parar para tomar água, o menino ficou admirado observando o velho barbudo e o cavalo branco bem cuidado.
Até que o ancião lhe advertiu dos perigos daquela região em que não seria aconselhável um menino andar sozinho por ali. Mas o menino disse que tinha algo muito importante a fazer e mostrou a chave preciosa que carregava. Logo adiante escondida a menina observava tudo curiosa, porém não conseguia ouvir direito o que o menino falava.
O ancião ficou visivelmente espantado ao ver a chave que o menino carregava e perguntou lhe:
- Como conseguiste está chave?
E o menino respondeu:
- Minha mãe deixou para mim antes de morrer e pediu que eu cuidasse com minha própria vida. Nesse exato momento o ancião percebeu que o menino que estava a sua frente era o Princípe Heron e que sua mãe que havia falecido era a Rainha Esmeralda querida por todos pelos seus feitos, mas que infelizmente não conseguiu resistir a uma doença grave e deixou seu filho órfão.
Nesse instante, a menina Clara conseguiu se aproximar, e ouvindo o final da conversa pensou: “será que esse menino é um príncipe mesmo e aquela é a chave de seu castelo? será que castelos existem de verdade e não só nos livros que a professora me empresta?”.
Clara tentou se aproximar mais do menino e do ancião, mas não sabia como fazer isso. Foi então que ela teve uma ideia... Andando como se estivesse com tontura, apoiou-se no príncipe e disse: desculpe-me, mas estou muito tonta, acho que me esqueci de tomar café da manhã, sempre fico com tontura quando isso acontece. Assustado o menino prontamente a segurou e disse: venha conosco, um pouco mais a frente tem umas árvores frutíferas onde poderá se alimentar. Ela aceitou o convite, com um pouco de receio, pois estava se distanciando muito do caminho de costume. Mas para ter certeza de que ele era realmente um príncipe teria que continuar. Ao encontrar as árvores frutíferas, alimentou-se.
Então, a pós descansar um pouco, o menino resolveu seguir seu caminho e pediu para que clara voltasse para casa, mas a menina com medo de não descobrir a verdade inventa uma história para o menino.
Não tenho para onde ir, minha mãe brigou comigo e pediu para sair de casa e voltar somente quando meu irmão vir me chamar. Por favor, me deixa ir contigo, pois estou com medo de me sentir mal novamente.
O menino acabou ficando com pena de Clara e levou-a junto com ele, mas pediu que não comentasse com ninguém o que ela iria ver e escutar dali por diante. Então os três seguiram o caminho, mais a frente o ancião pediu ao menino que fosse atrás de uma árvore que ele havia apontado e pegasse uma caixa que ali estava. O menino pegou a caixa, abriu e ficou surpreso, pois dentro da mesma tinha… uma linda coroa e um cedro que pertenceu a seu pai que era o rei Davi. O menino ficou muito emocionado e logo pegou a coroa e quis por na cabeça para ver se cabia. Todos ficaram felizes ao ver o menino pronto para assumir um lugar que era seu por direito, mas que havia sido roubado por um homem mal que habitava o castelo e fazia com que todos do reino sofressem com suas maldades.
O ancião perguntou para o menino se ele já se sentia preparado para enfrentar o homem mal e ele disse que sim. Carinhosamente ele perguntou a Clara se ela lutaria junto com ele para recuperar o trono e ela disse que sim. Os três se abraçaram e logo em seguida partiram para encarar as aventuras que aquele dia, estava reservando.
Enquanto caminhavam, Clara olhava para a chave que o menino carregava. Ela tinha um símbolo estranho, com detalhes que eram iguais aos da coroa que ele tinha na cabeça, mas que também eram iguais aos que estavam na muleta que o bondoso senhor se apoiava.
O caminho que faziam, era o mesmo por onde Clara costumava brincar todos os dias, mas agora, parecia que tudo estava com um colorido diferente. Não se lembrava se as águas daquele rio eram assim, tão clarinhas, nem que os peixes dali, costumavam ser tão grandes!
Ainda pensativa Clara olhou para o caminho e emocionou-se ao perceber que finalmente estava vivendo uma aventura de verdade. Durante o caminho ao anoitecer, os três refugiaram-se ao pé de uma colina por orientação do ancião. Eles pegaram galhos, fizeram uma fogueira, o velho conseguiu caçar uma pequena lebre e enquanto alimentavam-se o príncipe eufórico começou a encher o velho de perguntas. Quem ele era? Qual seu nome? O menino havia lhe contado tudo da sua vida, mas não sabia nada sobre aquele senhor misterioso que prontamente lhe ajudava.
Então calmamente o ancião começou a contar-lhes a sua história: Seu nome era Arquimedes, ele havia sido um sacerdote do reino, muito amigo e conselheiro do rei Davi e da rainha Esmeralda, porém quando faleceram e o irmão do rei tomou seu posto (pois o menino não tinha idade), ele acabou sendo expulso do reino e desde então vive a vagar pelas redondezas protegendo o menino sem ser notado.
Clara estava muito atenta, essa história não lhe soava estranha, e o menino muito emocionado quis saber mais… sobre o tio que lhe rejeitou assim que seus pais faleceram, virando as costas e colocando-o para fora do reino. O ancião contou o quanto seus pais o amavam e desejavam vê-lo crescer, sonhando com o dia que ele tomaria seu lugar de rei e comandaria todo o império construído arduamente pelo seu avô.
Ao contar toda a história de vida dos seus antepassados ao menino, o ancião deixou escapar o quanto seu tio era amargurado e perverso, pois achava que seu pai em vida tinha mais amor e carinho pelo seu filho primogênito. Após escutar inúmeras histórias envolvendo sua família o menino pegou no sono e o ancião com dedicação ficou zelando pelo seu descanso.
No outro dia, ao despertar entusiasmado ao saber que seu pai era o Rei Davi e que gostaria que ele fosse o sucessor do reinado, o menino continuou a caminhada junto com clara e Arquimedes para chegar logo ao castelo. Faltando poucos metros do castelo, Clara perguntou ao príncipe Heron se ele já tinha um plano para assumir o reinado e desmascarar seu tio. Heron ainda não havia pensado nisso, mas Arquimedes lhe deu uma sugestão: a coroa é a prova de que você é o verdadeiro rei, o sucessor de davi, mostrando-a para os súditos você provará que esta vivo e assumirá seu reino por direito.
O príncipe Heron ficou pensando muito no que Arquimedes lhe falou e resolveu então que assim que chegasse ao castelo, deveria urgente reunir seus súditos e anunciar que está vivo e disposto a assumir seu posto. Enquanto caminhavam, Clara avistou de longe o castelo. Sua entrada tinha um enorme portão dourado, com seguranças que faziam a guarda dia e noite. O castelo era lindo! Muito alto e com janelas grandes. Clara estava ansiosa para entrar no castelo, mal podia imaginar como seria estar lá dentro.
Conforme iam se aproximando a expectativa de Clara só aumentava e podia sentir seu coração disparar de tanta euforia. Até que, finalmente chegaram e procuraram um lugar para se esconder e conversar sobre como entrariam no castelo sem que os guardas vissem e os impedissem de concluir o plano. Eles encontraram uma porta que dava acesso à cozinha do castelo e lá conseguiram pegar umas roupas de cozinheiros para vestir. Eles se disfarçaram e assim conseguiram chegar até o salão principal. Lá o pequeno príncipe viu nas paredes alguns quadros pintados com seus pais.
O menino ficou muito feliz em rever o pai e a mãe, mas o ancião disse que eles tinham que andar rápido e deveriam subir as escadas para chegar ao quarto do tio dele. Assim que chegaram à porta do quarto o príncipe Heron respirou fundo, abriu a porta vagarosamente e pediu para que Clara e Arquimedes ficassem do lado de fora aguardando. Já dentro do quarto o menino foi até ao lado da cama e esperou que seu Tio acordasse.
Ele acordou e avistou Heron ali parado pensou que estivesse sonhando, mas o menino disse rapidamente a ele:
- Sou Heron, filho do rei Davi e da Rainha Esmeralda, vim aqui para pegar o lugar que é meu por direito e nada irá me deter disso, era um sonho de meu pai ver eu a frente deste povo e agora farei exatamente isso.
Seu tio levantou-se muito bravo dizendo que aquilo jamais aconteceria, pois ninguém iria acreditar que ele fosse o filho do rei.
Então Arquimedes e Clara entraram no quarto levando nas mãos a coroa e o ce dro. O tio levou a mão à boca como forma de esconder o grito que queria dar naquele momento. Rapidamente ele saiu correndo do quarto e foi até o salão do trono, reuniu seus soldados mais leais e gritou:
- Prendam o impostor que tenta roubar meu lugar no reino!
Porém, ao ver Heron e Arquimedes todos no salão ficam surpresos e imóveis.
-Eu sou Heron, o filho desaparecido do rei Davi e da rainha Esmeralda. Com a ajuda de Arquimedes, fiel amigo de meus pais, e Clara, consegui chegar aqui. Posso provar quem sou.
Pegando a coroa e o cedro mostrou a todos. Não havia mais dúvidas: Heron era o novo rei e todos o ovacionaram.
Mesmo tendo pouca idade, Heron seria um rei justo e bom, principalmente porque poderia contar com amigos leais. Clara assistia a tudo surpresa, achou que só podia está sonhando. Caminhou até Heron e abraçou o novo rei.
Neste exato momento, acordou. Estava deitada ao pé da árvore em que decidira se esconder para ver o menino.
Levantou-se rapidamente, sacudindo as folhas da roupa e procurou por Heron. Onde ele estava? Que confusão era essa? O que havia acontecido? Era tudo um sonho! Já passara da hora de ir para escola e pela fome que sentia, deveria ser hora do almoço. Precisava voltar para casa. Mas de uma coisa Clara tinha certeza: tinha visto realmente um menino desconhecido procurando algo. Onde ele teria ido? Será que o veria novamente? Mas, como pode um sonho proporcionar tantas sensações reais?
Olhou para os lados, tudo parecia normal. Enquanto caminhava, Clara olhava para aqueles lugares que lhe eram tão comuns. A rotina continuava inalterada, embora seus pensamentos ainda insistissem em lembrar os detalhes daquela aventura. Estava tão distraída, que não se deu por conta que um de seus cadernos havia caído pelo caminho.
- Ei, moça! Espere! – A voz de alguém chamava por ela.
O menino, mesmo sem entender, retribuiu o abraço. Mas quando se separaram lhe disse:
- Na verdade, eu me chamo Felipe, eu vinha caminhando logo atrás de ti quando vi que derrubou este caderno.
Sem entender o que estava acontecendo, Clara pegou o caderno e tratou de guardá-lo em sua mochila. Por que Heron não queria dizer quem era? Será que estava tentando se disfarçar pra fugir do tio malvado ou será que ela teria mesmo sonhado, viajando por outro mundo encantado, se perguntava o que estaria acontecendo, sentia se confusa. O menino despediu-se dela com um sorriso meigo e constrangido, pois realmente não sabera do que a moça estaria a declarar. Ela achou melhor seguir seu caminho e ir para casa, já que não aparecia em casa a muitas horas e seus pais poderiam estar preocupados, porém toda aquela história não há deixava em paz, ficava martelando na sua cabeça.
Ao chegar em casa encontrou sua mãe desesperada, pois não sabia do seu paradeiro… e Clara já devia estar em casa há muito tempo. Sua mãe estava preocupada e muito brava, querendo saber por que Clara desapareceu por tanto tempo e por onde andou. Clara tentava explicar que tinha visto um príncipe e que chegou a ir até seu castelo. A mãe de Clara começou a se irritar com a filha, que em sua opinião, não dizia coisa com coisa.
Clara ficou muito sentida de ver sua mãe brava e disse que nunca mais chegaria tarde em casa, mas queria que ela acreditasse em Clara, pois tinha uma prova, a chave do castelo. Então ela colocou a mão no bolso para pegar a chave e estranhou não tê-la encontrado de imediato! Ao invés da chave que Heron havia lhe confiado, encontrou um papelzinho dobrado.
Lembrou-se: era um bilhete da bibliotecária lá da Escola, avisando seus pais de seu esquecimento. Pela segunda vez, ela tinha deixado de fazer a devolução de um livro. Mais essa agora... A mãe já estava furiosa com ela! Então, decidiu esperar um pouquinho para lhe mostrar aquele recado.
Mas, afinal de contas, onde estava o livro? Sabia que a mãe lhe perguntaria isso. Melhor começar a procurá-lo. Só podia estar ali, no seu quarto, mas aonde? Depois de um tempo, Clara encontrou o livro, caído atrás de sua cama. Esticou-se toda, o suficiente para conseguir apanhá-lo.
Já com o livro em mãos, começou a folhear as páginas, lembrando-se da leitura, cada vez que olhava as figuras. Releu o título: “Arquimedes no Reino de Heron”. Neste instante, inesperadamente, deu-se por conta de que como ler era encantador, pois aquela leitura havia lhe aberto às portas para um mundo que jamais teria conhecido antes e apesar de ter que devolver o livro que tanto amou biblioteca da escola, ela jamais se esqueceria daquela história. Pois ela descobriu que poderia levar um livro para um lugar, mas um livro poderia lhe levar a vários lugares.
Emocionada com suas conclusões, correu para pedir desculpas e contar a sua mãe sua grande descoberta, a mãe muito feliz orientou Clara para devolver logo o livro e não atrasar as devoluções, pois assim como aquele livro havia lhe possibilitado fazer uma viagem inesquecível ele certamente poderia possibilitar o mesmo a outras crianças. E disse-lhe que os livros são mágicos e tem o poder de levar a sua imaginação a trilhar por vários caminhos.
Clara já estava eufórica, certamente assim que devolvesse o livro retiraria outro, pois estava ansiosa para saber aonde o próximo livro a levaria.
Além disso, Clara estava ansiosa para contar a sua professora o que havia acontecido. Pediria a ela o nome de outro livro. Ela sempre tinha boas indicações. Desta vez ela gostaria de viver uma outra aventura: talvez, agora, fosse para o futuro!
A menina lembrou-se do que a professora lhe dissera certa vez: “Clara, escreva os seus sonhos. Anote tudo o que você imaginar. Imagine muito! E escreva! Escreva!” - Era isso, ela ia escrever todos os seus sonhos e os transformaria em histórias para seu primeiro livro.
Assim, Clara iniciou sua carreira de escritora, com suas anotações publicou muitos livros de aventuras compartilhando suas experiências e sonhos, possibilitando que outras crianças também conheçam esse mundo encantado da leitura que tanto lhe fascinou.
AUTORAS
Daniela Paixão, Jana Matias, Josi Leão, Kasandra Santos,
Keli Fraga, Lêda Araújo, Leila Borges, Márcia Gerônima.
Comentários
Postar um comentário